Poucos brindes conseguiram marcar uma geração inteira como os Tazos da Elma Chips. Eles chegaram ao Brasil em 1997 e, de cara, se tornaram um verdadeiro fenômeno cultural. Inspirados nos “POGs”, que já faziam sucesso no Havaí, os Tazos nasceram no México em 1994 e rapidamente conquistaram o mundo, mas foi em solo brasileiro que atingiram proporções históricas. Quem viveu a infância e adolescência nos anos 90 e 2000 certamente se lembra da emoção de abrir um pacote de salgadinho e torcer para encontrar um disco inédito para a coleção.
A primeira série lançada no país, chamada “Tazo Mania”, trazia personagens dos Looney Tunes e contava com 80 peças diferentes. A febre foi tão intensa que as vendas de salgadinhos praticamente dobraram naquele período. Rapidamente, os intervalos escolares se transformaram em verdadeiros campeonatos: as crianças apostavam seus Tazos, jogavam para “virar” os discos e exibiam com orgulho as peças mais raras. Mais do que um simples brinde, os Tazos viraram moeda de troca, símbolo de status e parte essencial da infância de milhões de brasileiros.
O sucesso se prolongou por mais de 15 anos e deu origem a coleções que acompanharam tendências e personagens da cultura pop. Entre as mais marcantes estavam:
Looney Tunes (1997)
Animaniacs, Tiny Toon e O Máskara
Pokémon
Yu-Gi-Oh!
Bob Esponja
Dragon Ball Z
Naruto
Iron Man 2
Vingadores
Piratas (última coleção regular, em 2013)
Ao todo, estima-se que tenham sido lançados quase 900 Tazos diferentes no Brasil, sem contar os acessórios como porta-tazos e álbuns ilustrados. Eles acompanharam mudanças de gerações e garantiram o lugar de um dos maiores sucessos de marketing já feitos no país.
Mas, assim como toda febre, os Tazos também chegaram ao fim. Em 2013, a coleção de “Piratas” marcou a despedida dos discos que já não vinham mais nos pacotes da Elma Chips. O motivo principal foi uma combinação de fatores: mudanças na legislação de publicidade infantil, que restringiu a oferta de brindes para crianças, e a transformação nos hábitos de consumo da nova geração, cada vez mais voltada ao digital, aos jogos eletrônicos e às redes sociais. Isso tornou difícil repetir o mesmo impacto que os Tazos tiveram no passado.
Ainda assim, eles nunca foram completamente esquecidos. Em 2020, a Elma Chips trouxe os discos de volta em edições especiais da UEFA Champions League e de Pac-Man, apostando no fator nostalgia e mirando agora os adultos que cresceram na “era Tazo”. A recepção foi calorosa, embora cercada de polêmicas, já que muitos consumidores relataram problemas na distribuição dos brindes.
Mesmo sem estarem mais presentes no dia a dia das crianças, os Tazos permanecem vivos na memória coletiva e até hoje circulam em grupos de colecionadores, feiras e marketplaces online. São lembrados não apenas como um sucesso de vendas, mas como um retrato de uma época em que abrir um pacote de salgadinho podia significar muito mais do que matar a fome — podia render prestígio no recreio e a alegria de completar mais uma peça da coleção.